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As 3 grandes tendências do pós-COVID que vieram para ficar



Com a retoma gradual no horizonte, há algumas tendências comportamentais que, neste período pós-COVID, vão ganhar tração. Hoje, vamos explorá-las e dar-lhe dicas e ideias concretas para puxá-las para o seu segmento e para a sua marca.


Há uma certeza que paira no ar. O coronavírus veio transformar drasticamente as nossas vidas. E os nossos hábitos.


Eis os três grandes movimentos aos quais deve estar atento:

· #ficoemcasa – há um novo sentimento de “casa” que a pandemia criou e que vai influenciar muitas das nossas decisões nas áreas de imobiliário, arquitetura e decoração, tecnologia, moda e turismo.

· #soulfood – surgiu uma nova forma de encarar a experiência da comida como um ritual de alimentação da alma, do corpo e social. O resultado desta grande tendência vai ter impacto nomeadamente nos setores da restauração, dos vinhos, mas também da moda e do desporto.

· #digitalfirst – uma aceleração brutal do movimento de digitalização que impacta transversalmente todos os segmentos de negócio e todas as marcas.


Exploremos, individualmente, cada uma destas novas tendências pós-COVID.


A casa deixou de ser um lugar para passar a ser uma vivência.


Um dos grandes movimentos de tendência pós-COVID é, sem dúvida, a forma como passamos a encarar e viver a nossa casa. Os compartimentos diluíram-se e cada área da casa passou a ter múltiplas funções e propósitos.

A cozinha, o laboratório da casa, é um dos novos espaços onde passamos mais tempo. E o anterior sentimento de fardo transformou-se em emoção, conforto e convivialidade. Nunca, como em tempo de pandemia COVID-19, se fizeram tantos experimentos. A farinha transformou-se num dos grandes aliados do confinamento. De repente, há milhares de pessoas a experimentar e a partilhar receitas de bolachas, bolos e pão.


A este propósito, há um conceito que vem revolucionar o marketing de influência. Os “homefluencers” são os novos produtores de conteúdo aos que deve prestar atenção para a estratégia da sua marca. Da cozinha ao desporto, das atividades DIY e handcraft ao desenvolvimento pessoal.


O quarto passou a ser o spa da casa. O refúgio para meditar, praticar yoga, ler e aprender online. Um espaço “tempo-para-mim”. O quarto de banho complementa esta estância de autocuidado e desligamento. Esta é, aliás, uma das grandes mudanças pós-COVID.

O “eu” ganhou um novo significado. Passamos a dedicar-nos tempo de autocura, autocomplacência, autocuidado e autoeducação. E o mais importante: sem sentirmos culpa por estarmos a investir recursos em nós mesmos.

Esta é a nova catedral de oração: o eu. E esta grande tendência pós-COVID traz inspiração transversal para todos os segmentos de negócio. Mobiliário e decoração ganham um novo território para explorar: peças e acessórios para facilitar e evidenciar estes espaços sagrados de autocuidado. E que se adaptam a múltiplas utilizações durante o dia. Ler, trabalhar, autocuidar. A arquitetura e decoração de interiores também saem favorecidas.


Os espaços exteriores e as áreas centrais de escadas e halls e corredores ganharam um novo propósito, como o desporto. Nunca, como agora, as casas com espaços neutros e espaços exteriores ganharam tanta relevância, tendência que pode ser galvanizada pelo setor imobiliário. A procura por casas com terraço ou jardim aumentou 25% na vizinha Espanha desde o confinamento.


Novos corners acolhedores, versáteis e confortáveis, que reforçam a sensação de autocontemplação. Candeeiros, gadgets para posicionar os telefones e equipamentos de suporte à leitura. As mesas de café são outra das estrelas do confinamento, com muitas refeições ligeiras a deslocalizarem-se para o sofá. A tendência será para vermos crescer-lhes as pernas e a volumetria do tampo, para maior funcionalidade.


Para as marcas de saúde e bem-estar, em particular as que apostam numa vertente mais saudável e naturalista, há espaço muito fértil de crescimento. Os rituais de beleza e de desligamento estão no centro das atenções. Bálsamos, velas, incensos. Cosmética e sais de banho. Os pequenos prazeres converteram-se num dos símbolos da pandemia.

Há, finalmente, um desdobramento importante desta tendência pós-COVID de viver a casa e que impacta o turismo. Staycation será, em 2020, a nova forma de fazer turismo. Com o “ficar em casa” como o novo imperativo, as férias de proximidade vão regressar em força. E aparentemente pessimista, esta é uma oportunidade para que também o turismo se reinvente, explorando a revitalizada ideia do “vá para fora cá dentro”.


Mas há uma outra tendência que subliminarmente vai começar a desenhar-se e para a qual os operadores turísticos podem começar a preparar-se. Quando tudo isto passar. Quando a máscara deixar de ser o novo preto da moda. Quando pudermos voltar a tocar-nos e a abraçar-nos sem receios. Haverá uma onda de rebelião turística e as experiências once in a lifetime vão canalizar grande parte dos investimentos dos viajantes.


A comida passa a ser a nova unidade de medida para as nossas escolhas.


Na verdade, esta onda de transformação, que já se começava a desenhar, veio enfatizar-se em tempo de pandemia. O localismo é o movimento central que está na sua base.

Esta tendência pós-COVID tem três grandes variantes:


· A comida como um ritual que alimenta a alma

Passamos a valorizar os produtos locais, de origem controlada. A troca “direta” com o produtor é vista, não só como mais segura, mas também como mais responsável. E a consciência do coletivo vê emergir este novo sentimento de solidariedade e vontade de ajudar o próximo. Uma das grandes revoluções positivas que surge como efeito colateral COVID-19 e que pode ser catapultada por marcas de produtor, negócios locais e marketplaces de produtos saudáveis e sustentáveis.


Outra ideia que ganha centralidade nas estratégias de marketing é precisamente a da consciência social. Produtos e serviços com um forte sentimento de comunidade e campanhas de sensibilização e de apoio a causas locais tornam as marcas mais humanas e atraentes.

A comida deixa de ser vista como um fim para passar a ser encarada com um meio. Para alcançar maior harmonia com o ambiente e, sobretudo, mais saúde e maior resiliência.


· A comida como um ritual que alimenta o corpo

Curiosamente, este movimento afeta de igual forma as escolhas que passaremos a fazer em três áreas fundamentais:

1. Os produtos que ingerimos

2. A cosmética e os produtos de beleza, absorvidos pela pele

3. Os têxteis


Para ingerir, vamos privilegiar os produtos de origem local controlada e, igualmente, as fórmulas de saúde e reforço de imunidade. Há aqui um espaço muito interessante para as marcas ligadas à saúde, bem-estar e desporto. Os suplementos naturais, os super-alimentos e as receitas de hidratação e reposição energética ganham uma posição de destaque no linear do imaginário coletivo.


Para a pele vamos selecionar tendencialmente produtos de origem natural e de desperdício zero. A sustentabilidade e a reutilização vão liderar o ranking dos nossos valores pessoais e coletivos. Há uma nova onda bio, orgânico e natural que pode e deve ser navegada pelas marcas ligadas à beleza, saúde e bem-estar.


No segmento dos têxteis há uma revolução latente. O coronavírus trouxe o medo da infeção e toda uma nova cultura de conhecimento e atenção no que respeita às caraterísticas dos tecidos. A grande tendência pós-COVID coloca na ribalta: a) os tecidos antibacterianos; b) os tecidos naturais, suaves e leves; c) os tecidos que absorvem o som, de resto uma tendência que vem sendo abraçada pela Hotelaria a nível mundial.


Para os segmentos de têxteis lar e equipamentos de viagem, a inovação é palavra-chave. Regressaremos à ideia de infância da manta que levamos para todo o lado. Os têxteis passarão a ser encarados como um balão de oxigénio e proteção contra o exterior. E conforto regressará como critério central de decisão.


Esta tendência pós-COVID vai naturalmente também influenciar o segmento de moda e acessórios mas, a esta área, dedicaremos um próximo artigo de reflexão aprofundada.


· A comida como um ritual social

O álcool tem sido outro dos nossos aliados em tempos de confinamento. O consumo de álcool para finalidades e-sociais cresceu exponencialmente. Há movimentos de pessoas que compram online garrafas de vinho para enviar aos amigos e, numa videochamada zoom, degustá-lo em conjunto enquanto partilham as suas experiências e emoções do confinamento.


As refeições em família também ganharam um novo espaço na nostalgia coletiva e vieram para ficar. Os restaurantes podem e devem estar particularmente atentos a esta grande tendência pós-COVID. Criar espaços mais “confinados”, dedicados e seguros nas suas instalações pode ser uma ideia. Mas também, e decididamente, apostando em serviços premium de takeaway ou no modelo “o chef vai a casa” como novos nichos de negócio e construção de comunidade.


Há uma nova forma de estar online.

Um estudo recente do Global Web Index mostra que 70% das pessoas em todo o mundo passam mais tempo nos seus smartphones e 45% consomem mais redes sociais do que antes.

Os dados de e-commerce também são reveladores.

O mais recente estudo da SIBS mostra que o comportamento de compra dos portugueses está a transformar-se, com a confiança de compra online a incrementar e número de compras e preço médio de compra a crescerem semanalmente. Em média, em abril, as compras online cresceram 50 pontos percentuais em todas as áreas de negócio.


Os consumidores continuarão, enquanto a memória do coronavírus durar, a evitar grandes aglomerados. E é praticamente certo que estes hábitos vão permanecer e consolidar-se, levando a que as marcas preparem a digitalização dos seus serviços e processos.


Para abraçar esta grande tendência pós-COVID que pode alavancar o seu negócio, é importante que considere as seguintes áreas:


1. Os negócios que são primordialmente físicos devem reinventar-se. A comunicação digital passou a ser não negociável para garantir voz. Comunicação digital regular com os clientes. Montras virtuais de produtos e/ou serviços. Ferramentas de agendamento online. Aplicações para escolha e pedido virtual automatizado e integrado com os softwares de gestão, sobretudo para restaurantes. Estratégias de capitalização de serviços de takeaway e entrega ao domicílio possibilitados à distância de um clique. Todas estas áreas devem ser equacionadas e integradas no pós-COVID.

2. Os negócios que permitem um híbrido equilibrado entre físico e digital, devem preparar a robustecer as suas lojas online. A experiência de navegação, o conteúdo relevante e a estratégia de distribuição da mensagem, devem tornar-se a prioridade número um. “Prepare a sua loja online e regresse em alta” é uma formação dinamizada pela AEP que recomendamos pela sua natureza compreensiva e orientada para a ação, com ferramentas práticas e estratégias de otimização.

3. O marketing digital passou a ser um bem essencial. Defina o seu grande porquê. Encontre as pessoas que se identificam. Traduza os seus valores e os pain points ou desejos do seu cliente ideal numa história envolvente e ressonante. Destaque os produtos e serviços que podem levar os seus clientes nessa viagem que lhes propõe do estado atual ao estado desejado. Escolha estrategicamente os canais para distribuir a sua mensagem. Construa o seu plano de conteúdos, com objetivos claros, focados e realistas. Foque-se em levar, a outro nível, a experiência dos seus clientes. Mantenha e alimente uma relação de sedução com eles. Faça perguntas. Reflita o feedback nas suas estratégias de inovação. E recomece o ciclo.


A nova sensação de emergência vai ser, em breve, substituída por um sentimento global de complacência digital.


Estamos, mais do que nunca, num momento darwinista. Adaptar-se é escolher viver.

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Outro artigo relacionado com estratégia em tempo de coronavírus que pode interessar-lhe é "Devo como marca entrar na conversação sobre a covid-19"


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