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Contratar uma agência de marketing. Sim ou Não?

Devo, ou não, subcontratar o marketing da minha empresa. É uma das questões mais frequentes que nos colocam. É válida. Muito válida, sobretudo num ecossistema barulhento e subqualificado como aquele em que vivemos. 



Os dois únicos modelos de agenciamento em que acreditamos


Verdade que temos um estúdio de marketing digital. É verdade que muitas das coisas que aqui vamos dizer podem, em certa altura, parecer contradizer quem co detém uma tal estrutura. Mas há muito que nos deixamos. Se algum dia estivemos aí. De dizer coisas bonitas para os ouvidos surdos de quem não quer, por nada, a verdade. 


Há apenas dois modelos de agenciamento em que acreditamos. E praticamos ambos.


O agenciamento em modelo de mentoria


Orientado para empresas com estruturas sólidas e equipas de marketing internas. Não são empresas com grandes departamentos de marketing. Mas com espaço para integrar duas a três pessoas para apoio em múltiplas valências: design, produção de conteúdo, gestão de redes sociais, publicidade paga, resposta e encaminhamento de questões, eventos, apoio circunstancial a áreas de vendas, recursos humanos e atendimento ao cliente. Em termos gerais. O chamado faz-tudo. 


Há muito caminho para calcorrear ainda. O marketing, apesar do muito que se apregoa nos certames dedicados e núcleos eruditos de gestão, ainda permanece o parente pobre. A área dos criativos. A dos que fazem uns desenhos. Umas macacadas. Bem-haja aos que não se identificam com o que acabamos de escrever. Mas não a todos. Ficam de fora aqueles que afirmam com determinismo “é claro que não me revejo nisso”, mas que, em surdina, lá no fundo, quando estão sozinhos consigo mesmos, lá onde ninguém os ouve, sussurram o clássico: “é que só serve para gastar dinheiro”. 


Neste modelo, a agência ajuda no processo de tomada de consciência, apoia a decisão, constrói estratégia, forma e orienta. Não faz. 


São quatro as vantagens deste modelo, na nossa ótica:


  • Há uma complementaridade que permite à empresa uma gestão plena do seu processo de marketing, da estratégia à implementação, com respeito pela sua capacidade de investimento;


  • Há um desgaste inevitável, e que resulta da distância física do modelo tradicional de agenciamento, que é minimizado;


  • Há a visão helicóptero que permite abstrair da fatal rádio alcatifa. Aprendemos esta expressão há uns anos largos e para quem não conhece, digamos simplesmente assim: “é quase impossível escapares à média do estado de espírito que se vive na empresa. E, sendo mais frequente do que desejável, quando é medíocre. De fraca vibração. Maldizente até por vezes. É impossível que tu também não acabes por sintonizar”;


  • E, mais importante que tudo isso, há um total respeito pela amplitude e complexidade da ciência do marketing, permitindo a aplicação das ferramentas de forma estratégica e na ordem e tração em que sejam efetivamente necessárias.


O processo de marketing é robusto e não se compadece, sobretudo nos tempos de imediatismo e conectividade non-stop, com meias medidas. É por isso que gostamos deste modelo. É oportuno e adaptado à realidade da grande maioria das empresas nacionais.


O agenciamento em modelo de cocriação


Este é o modelo perfeito para as marcas de autor e empreendedores que reconhecem a dualidade:


  • Estar no digital é um não negociável;


  • Não existe tal coisa como o empreendedor omnipresente. E o foco naquilo que realmente faz bem e que é, quase sempre a matriz de origem e sustentabilidade do projeto, deve deixar espaço para atribuir a orientação em matéria de marketing.


Mas atenção aqui. Sem medo de sermos julgadas em praça pública. E lembrando que também nós somos cofundadoras de um estúdio de marketing digital. Somos zero a favor de empreendedores contratarem uma agência e entregarem-lhe a totalidade da sua gestão de marketing. Não acreditamos nesta ilusão, assim como não acreditamos nas propostas chapa cinco de X publicações por semana. Não é ao acaso que refirimos, em particular, as publicações nas redes sociais. Sabemos bem que a confusão entre marketing, em especial marketing digital. E gestão de redes sociais. É total. E muito perigosa. 


Como dizia, somos zero a favor destas microempresas entregarem a gestão de marketing a uma agência. As agências não estão formatadas para sentirem as dores dos microempresários. E os modelos standard. Que são o pão nosso. Estão longe de servir as necessidades muito particulares dos microempresários. Ambas realidades não são compatíveis. E, na verdade, nem sequer são desejáveis. Senão vejamos:


Uma grande maioria das vezes, estas marcas-pessoa surgem de um real problema experimentado pelo mentor. Ou de um talento cedo identificado. Ora, será muito complicado para uma agência. Com raras exceções que acabam por não ser rentáveis pela exigência de tempo e co dependência que acaba por criar-se. Substituir-se à pessoa que, na verdade, o cliente ideal espera encontrar. Ao conhecimento único. Forma de estar e falar. Estilo. Que fez o cliente ideal, em primeira instância, chegar.  Seria necessário um enorme investimento. Falamos por experiência própria. De tempo, dedicação e energia. Que acaba por ser insustentável. 


E assim vão caindo os microempresários em modelos mornos que acabam por afastá-los da sua comunidade, em vez de aproximar. Que os vão desgastando. Fazendo desacreditar. Para não falar da quantidade de vezes que já os encontramos frustrados e fustigados pelas promessas vãs. Resultados inexistentes. Dinheiro mal gasto. E, tantas vezes, tanta porcaria feita pelo caminho.  


Então, este modelo, para nós, só faz sentido com cocriação. Há uma estratégia criada a duas cabeças, marca e agência. Há uma jornada de compra bem desenhada, intensamente conhecida e trabalhada de acordo com a capacidade real de investimento. De tempo e dinheiro. A cada momento. E depois há produção de conteúdo que é, igualmente, partilhada. E aqui sublinhamos a importância da partilha. Porque nenhuma agência, por mais competente que seja. Sobretudo na arte de empatia. É capaz de substituir a necessidade matricial de humanização destas marcas. A necessidade de que seja o próprio. Com a sua forma de ser. Estar. E falar. A aparecer. 


Neste modelo, o empreendedor sente-se apoiado e orientado. Sente-se visto e considerado. Sente-se aprender. Sente confiança para avançar a cada momento. Passo a passo. E, com isso, vêm naturalmente os resultados. Não por milagre. Como tantas vezes, desinformados, ainda acreditam. Pese embora, aqui, mais uma vez correndo o risco, não seja deles a culpa. Mas das agências. Que vendem o que não existe. Que prometem o que não pode ser alcançado. Que agem com falta de verdade e transparência. E, pelo caminho, denigrem a reputação de uma profissão que, por si só e em si mesma, já carrega tanto de descrença.


Fora destes modelos, não acreditamos no agenciamento. Sabemos bem as dores que sentimos quando estivemos do outro lado. Do lado de quem contratou. E acreditou. E não venham já as vozes da discórdia dizer que tivemos azar. Sabemos bem as dores que tivemos. E sabemos bem que, nesses outros modelos em que não nos revemos, voltaríamos a tê-las.  

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